sábado, 3 de dezembro de 2016

Povo nas ruas e simbolismo marcam fim do cortejo com cinzas de Fidel

Restos mortais do ex-presidente e líder cubano percorreram todo o país antes da chegada a Santiago, em trajeto que relembra Caravana da Liberdade
Cinzas de Fidel percorre Cuba rumo a Santiago - Fotos: Ladyere Pérez/Cubadebate 
 Por Camilo Toscano no Opera Mundi

Após os quatro dias de trajeto iniciado na quarta-feira (30/11), em Havana, encerrou-se neste sábado (03/12), com a chegada a Santiago, o cortejo com os restos mortais do ex-presidente de Cuba Fidel Castro, num percurso com presença popular nas ruas e repleto de simbolismo.

Fidel morreu no dia 25 de novembro, levando o país a parar por nove dias em luto oficial decretado pelo governo em homenagem à memória do ex-líder guerrilheiro.

Depois de dois dias em que a população da capital Havana se despediu de Fidel e mais de 2 milhões de pessoas participaram de um ato na praça da Revolução, as cinzas do ex-presidente seguiram em cortejo até Santiago, fazendo o caminho inverso da Caravana da Liberdade que marcou a vitória dos revolucionários que derrubaram Fulgêncio Batista, em 1959.

A chegada a Santiago, pouco antes das 14h (17h de Brasília), onde Fidel será enterrado neste domingo (04/12), reforça a história da Revolução Cubana. Além da repetição da caravana, a chegada a Santiago remete também ao início do processo que levou Fidel ao poder. Foi na cidade que, em 26 de julho de 1953, o líder revolucionário liderou cerca de 150 combatentes no assalto ao quartel Moncada, ação que acabou fracassando e levando Fidel a um julgamento que resultou numa sentença de 15 anos de prisão.

Muitos apontam esse momento como o começo da revolução que iria, anos mais tarde, mudar os rumos de Cuba. Isso porque Fidel assumiu sua própria defesa no julgamento e, durante seu discurso, declarou a famosa frase “condenem-me, não importa, a história me absolverá”. A pressão popular pela libertação de Fidel levou o governo Batista a soltá-lo, em 1955, temendo uma revolta generalizada. Fora do cárcere, Fidel fundou o Movimento 26 de Julho e seguiu para o México, para treinamento de combate e preparação para a guerrilha.

O retorno a Cuba se deu com a partida no iate Granma pelo rio Tuxpan, levando a bordo outros 81 guerrilheiros. O embarque no México se deu no mesmo dia 25 de novembro em que Fidel faleceu, aportando em Cuba em 2 de dezembro, há 60 anos. Muitos morreram nos primeiros combates contra as tropas de Batista, mas Fidel conseguiu fugir com a ajuda de camponeses, seguindo para a Sierra Maestra, de onde organizaria a revolução vitoriosa em 1959, ao lado de seu irmão e atual presidente cubano, Raúl Castro, e outros líderes revolucionários, como Ernesto Che Guevara e Camilo Cienfuegos.

O percurso que cruzou o país com as cinzas de Fidel levou milhões de pessoas às ruas para dar adeus ao ex-presidente e demonstrar seu compromisso com os valores da Revolução Cubana. Antes de chegar a Santiago, os restos que saíram de Havana passaram também por Mayaveque, Matanza, Santa Clara, Santo Espírito, Ciudad de Ávila, Camaguey, Las Tunas, Olguín e Bayamo.

A partir das 19h (22h de Brasília) deste sábado, um segundo ato de massas será realizado, desta vez, na praça Antonio Maceo, em Santiago. Participam representantes de diversos países e personalidades, nacionais e internacionais, como o ex-jogador Diego Maradona. Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff estarão presentes ao ato, que será comandado por Raul Castro.

Neste domingo (04/12), as cinzas de Fidel serão enterradas, a partir das 7h, no mesmo cemitério em que foram depositados os restos mortais de José Martí, que, como Antonio Maceo, foi um dos responáveis pela independência de Cuba dos domínios da Espanha, em 1898.

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