terça-feira, 26 de abril de 2011

Campanha de Alfabetização cubana: um triunfo vigente


Havana, (Prensa Latina) Cuba foi declarada em 1961 primeiro território livre de analfabetismo na América Latina depois de uma campanha, cuja vigência chega hoje como esperança a 26 nações envolvidas em uma cruzada contra a ignorância.

A diretora do Museu Nacional da Campanha de Alfabetização, Luisa Yara Campos, destacou à Prensa Latina o grande mérito da revolução de transformar 69 quartéis em escolas.

Esse passo, comentou, veio junto à necessidade de alfabetizar crianças, adolescentes e jovens, mas existiam poucos professores na nação caribenha.

Daí que o dia 22 abril de 1960 o Comandante em Chefe Fidel Castro, líder da Revolução, convocou estudantes e trabalhadores a se transformarem em mestres voluntários.


Em 26 de setembro de 1960 Fidel Castro anunciou nas Nações Unidas que em Cuba se realizaria uma campanha de alfabetização, que erradicaria o analfabetismo em menos de um ano, recordou a experiente professora.

Esse desafio da nova Cuba -incrível para muitos- não escapou do ódio manifestado contra o Governo Revolucionário pelos Estados Unidos e de imediato apareceram as primeiras vítimas do terrorismo de Estado praticado por Washington, um deles, o alfabetizador Conrado Benítez, assassinado em 5 de janeiro de 1961 com apenas 18 anos de idade, lamentou a historiadora.

Fidel Castro, durante o ato de convenção do quartel Leoncio Vidal na Cidade Escolar Abel Santamaría em Santa Clara em 28 de janeiro 1961, convocou 100 mil estudantes maiores de 13 anos de idade.

Foram mais de 105 mil com uma idade média de 14 a 16 anos, ainda que tinha alguns com idades entre nove e 13 anos, além de dois meninos de sete anos com terceiro grau, acrescentou Campos.

Neste empenho da Revolução participaram 268 mil 420 alfabetizadores, deles 34 mil eram mestres e o resto, donas-de-casa, aposentados, estudantes e trabalhadores, contou Campos.

Ratificou que o verdadeiro protagonista da Campanha de Alfabetização foi o povo, que chegou aos lugares mais intrincados do país, os presídios e até aos barcos de pescadores.

Destacou a solidariedade internacional, pois a Cuba chegaram voluntários da Guatemala, Venezuela, Argentina, Bolívia, Peru, Haiti, França, Itália, Espanha e Estados Unidos.

Um episódio -que faz parte da história da Campanha de Alfabetização- foi a fracassada invasão mercenária à Praia Girón (Baía dos Porcos) em abril de 1961, organizada pelo Governo dos Estados Unidos.

Mas a agressão militar não deteve aquela batalha popular contra a ignorância e a Campanha de Alfabetização seguiu seu curso e pôs a prova o espírito revolucionário de seus protagonistas, ressaltou a especialista.

Prévio ao ataque a Girón (Baía dos Porcos), em 15 de abril de 1961, foram bombardeados os aeroportos de San Antonio de los Baños e Ciudad Libertad com o objetivo de inutilizar a pequena força aérea do país e evitar sua resposta ao desembarque posterior.

Bem perto do segundo aeródromo, nesse mesmo dia, um importante grupo de jovens partiu ao acampamento no qual receberiam um breve treinamento metodológico para realizar sua tarefa educativa.

Eles eram membros do destacamento Conrado Benítez, -cujo nome honrava ao alfabetizador assassinado por contrarrevolucionários- e aqueles jovens saíram quase com o início da batalha em Girón para alfabetizar camponeses iletrados.

Quando os mercenários chegaram à Ciénaga de Zapata estavam ali 30 alfabetizadores em um plano piloto na zona, pois eram parte de um estudo que o governo antecipava para organizar aos 100 mil alunos que Fidel Castro convocou para esta tarefa de caráter nacional.

Durante a invasão, dois deles -um de 14 e outro de 19 anos de idade- foram feitos prisioneiros pelos atacantes que integravam a brigada mercenária organizada e financiada pela Agência Central Inteligência dos Estados Unidos (CIA), afirmou a especialista. A despeito dos duros combates na Praia Girón, a Campanha de Alfabetização continuou seu curso e muitos de seus protagonistas que se encontravam próximos ao lugar estiveram dispostos a mudar seus materiais de ensino por um fuzil, recordou Campos.

Mas a ordem de Fidel Castro foi clara: a campanha alfabetizadora nunca deveria ser interrompida por mais violentos que fossem os combates contra os invasores.

A Campanha cubana de Alfabetização multiplicou sua essência e Cuba participou desde a década dos anos 70 na cruzada de outros povos contra a ignorância.

Daí a presença de professores cubanos na Nicarágua a pedido do presidente Daniel Ortega em seu primeiro mandato e em Angola à solicitação de um pedido do extinto presidente Agostinho Neto.

O exemplo mais recente é a posta em prática em diferentes países dos métodos cubanos de alfabetização "Eu, sim posso" e "Eu, sim posso continuar", que com elementos das cartilhas utilizadas em Cuba em 1961, já beneficiou 26 nações.

Para este fim -prosseguiu Campos- o programa foi dotado com elementos audiovisuais, vocabulário adequado à cada país, e foi traduzido em vários idiomas e línguas originárias.

Hoje assim como em Cuba -assinalou orgulhosa a diretora do Museu Nacional da Campanha de Alfabetização- erradicaram o analfabetismo, Venezuela, segundo país na América Latina, além da Bolívia e Nicarágua.

(*) O autor é jornalista da Redação Nacional da Prensa Latina.

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