quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Novo livro-reportagem sobre Cuba denuncia ''embargo midiático'', além do econômico

Por Ana Helena Tavares para o site Opera Mundi
 
Depois de quase 50 anos de embargo econômico imposto pelos Estados Unidos, a ilha de Cuba caminha agora para reformas que buscam tornar mais fácil resistir à política de sufocamento norte-americana. No entanto, além da economia, o regime cubano enfrenta cada vez mais um bloqueio midiático, por parte da grande imprensa, que filtra a maioria das informações e publica apenas notícias negativas sobre o país.

Esta é a tese defendida pelo jornalista Mario Augusto Jakobskind, que ele expõe em seu livro Cuba: apesar do bloqueio, lançado nesta terça-feira (14/12) na sede da Associação Brasileira de Imprensa, no Rio de Janeiro. A obra é uma atualização de outro livro que o autor já tinha escrito em 1984, quando esteve em Cuba. O jornalista, que foi editor de Internacional do jornal Tribuna da Imprensa por 15 anos e hoje colabora com a mídia alternativa, escreveu o livro como uma tentativa furar esse embargo de informações.

Jacobskind, que é representante da ABI no conselho curador da Empresa Brasil de Comunicações (EBC), afirmou nesta entrevista ao Opera Mundi que, atualmente, "o Brasil se faz presente em Cuba", que o mito da "ditadura" cubana não se sustenta e que a cobertura da mídia "não reflete essa realidade".

Como você definiria esse livro?

Eu o entendo como uma extensa reportagem sobre um país pouco conhecido pelo mundo. Traz uma visão vasta que não se encontra em nenhum grande jornal ou revista – na mídia tradicional, na mídia de mercado. É um desdobramento de um livro que escrevi quando estive lá pela primeira vez, em 1984, e a revolução cubana completava 25 anos. Naquele livro, havia prefácios do Henfil e do João Saldanha (ambos já falecidos). Era outro momento. Ano passado, algumas pessoas insistiram para que eu reeditasse. Claro que teria que haver uma atualização. Este que lanço hoje é praticamente um novo livro, pois a revolução cubana já tem 51 anos. A idéia é furar o esquema de bloqueio midiático através de uma ampla reportagem sobre fatos que eu presenciei, tendo morado lá por um ano.

Cuba mudou muito de 1984 para cá?

A questão é que o mundo mudou completamente, mas Cuba continua bloqueada... Uma situação sem precedentes na história contemporânea. Agora, há uma diferença considerável na relação diplomática e comercial do Brasil com Cuba. Isto avançou muito durante os oito anos de governo Lula. Em 1984, era bem mais difícil para os brasileiros que queriam visitar a ilha, enquanto hoje o Brasil se faz presente em Cuba. Desde a reconstrução do Porto de Mariel até as atividades do centro artístico Gaia (em Havana).

Você falou em “bloqueio midiático”. Que paralelo faria deste com o bloqueio econômico imposto pelos EUA?

Ambos são implacáveis. O bloqueio econômico influi no país internamente, impondo muitas restrições e prejudicando o padrão de vida dos cubanos. O midiático é a desinformação externa, que cria no mundo um senso comum que demoniza Cuba. A imprensa mundial não se cansa de dizer que lá é “uma ditadura”, chegam ao absurdo de chamar de “ditadura dos irmãos Castro” (diz, balançando a cabeça negativamente). Isso não reflete a realidade.

Como você definiria Cuba?

Uma ilha, vizinha dos Estados Unidos, que fez sua opção pelo socialismo, onde o comércio conseguiu sobreviver ao fim da União Soviética, com extrema dificuldade. Fadada ao fracasso – quantos no mundo já decretaram sua ruína – a ilha não acabou, continua aí. Apesar do bloqueio.

Deriva daí o nome do livro?

Sem dúvida. E digo que esse seria o título de uma matéria de fôlego longo que eu gostaria de ver em nossa grande imprensa, mas não teria espaço... 
 
SERVIÇO

Cuba, Apesar do bloqueio, Editora Booklink, 2010. 172 p. Em formatos impresso (R$ 28) ou digital (R$ 15). Para adquirir: Tel. (21) 2265-0748 (editora) ou (21) 2257-1278 (com o autor).

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